12.º Festival de Jazz de Viseu

O festival Que Jazz É Este? regressa à cidade de Viseu. São várias as novidades desta 12.ª edição, tanto que é difícil escolher por onde começar.

Este ano dilatado no tempo com o calor dos meses de junho e julho, o festival integra 17 concertos para público em geral, 3 concertos ao domicílio, 3 jam sessions, 8 horas de rádio ao vivo, 18 horas de um intenso workshop de jazz para músicos e estudantes de música e 15 horas de uma oficina de experimentação sonora e musical aberta à participação da comunidade em geral.

Desenhado pela Gira Sol Azul, o Que Jazz É Este? é um festival eclético e diversificado que ocupa preferencialmente o espaço público e que se posiciona num lugar de procura do equilíbrio entre a novidade e o alimentar e aprofundar laços que ao longo de 12 anos têm sido estabelecidos com vários públicos.

Mantendo o pico das iniciativas concentradas de 18 a 21 de julho, o festival arranca este ano mais cedo, em junho, com Jorge Queijo que assenta arraiais com o seu trio em Viseu para uma residência artística com apresentação dia 30 de junho no Carmo’81 num concerto onde convive a tensão do rock, do punk, do free jazz e do minimalismo. A 5 de julho, na Incubadora do Centro Histórico, Beatriz Rola e Inês Luzio iniciam um Laboratório de Experimentação Sonora, espaço inclusivo e plural dirigido a todos os interessados maiores de 6 anos que ao longo de várias sessões vão experimentar, inventar, gravar, compor e interpretar material sonoro e musical relacionado com a cidade e que será depois apresentado em formato performance sobre uma instalação sonora que fica em permanência no Parque da Cidade.

Dias 10 e 11 de julho acontecem os concertos no âmbito da rubrica JAZZ AO DOMICÍLIO, um dos pilares importantes do festival que reforça o seu lado integrador e inclusivo levando concertos às pessoas que estão impedidas de vir até estes. É no Estabelecimento Prisional de Viseu, no Hospital Psiquiátrico de Viseu e no Estabelecimento Dr. Vítor Fontes (APPACDM) que acontecem estes concertos com o Colectivo Gira Sol Azul e Jorge Novo (Senhor Jorge), beirão de origem e fadista por paixão, prova que a expressão artística não é monopólio de especialistas e de profissionais, mas sim a necessidade de comunicarmos através dos sentidos.
A Pousada de Viseu recebe a 13 de julho Pedro Molina Quartet, projeto do contrabaixista espanhol em parceria com jovens músicos da sua geração, premiado no 3.º Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro. No mesmo dia, uma parceria inédita com a ACERT, leva o Colectivo Gira Sol Azul ao Tom de Festa na cidade vizinha, Tondela.

De 18 a 21 de julho os CONCERTOS estão desenhados em 5 blocos de programação dirigidos a públicos diversos, contamináveis entre si e distribuídos por 5 horários: 15h, 17h, 19h, 21h30 e 23h. A par de integrar o trabalho que é desenvolvido localmente e que pretende deixar marcas, a programação do festival coloca a região no mapa incluindo concertos únicos e integrando artistas emergentes e artistas nacionais e internacionais de relevo.
No Parque Aquilino Ribeiro, bem no coração da cidade, passam Axes ‘Hexagon’, Maë Defays e Colectivo Gira Sol Azul com uma participação especial.
Liderado pelo saxofonista João Mortágua, ‘Hexagon’ dos Axes, ergue sobre os seus alicerces identitários toda uma nova construção geométrica, baseada na narrativa dos ângulos e dos polígonos com música firme e impactante, buscando no equilíbrio entre a força e a emotividade o ónus do seu significado: uma permanente construção conjunta sobre a tela em branco que é a nossa passagem por este mundo.
Já a música de Maë Defays navega pelos lugares do jazz e da soul. Com o seu novo projeto, A Deeper Ocean, a cantora, compositora e guitarrista explora o oceano da alma humana através de mundos simbólicos de água e terra, fundindo música e poesia.
A Casa do Miradouro acolhe no seu jardim Luís Vicente trio com ’Come Down Here’ que nos lança um convite para mergulhar no misterioso em que luz e escuridão caminham de braços dados num ambiente ritualístico onde composições se desenrolam como se de histórias se tratassem, recuando temporalmente ao período da tradição oral. No mesmo jardim Sara Serpa & André Matos apresentam ‘Night Birds’, o seu mais recente álbum que integra uma coleção de composições originais, improvisações e uma bagatelle de Bartok, temas que propõem uma reflexão sobre as sociedades aceleradas do mundo moderno, questionando o consumo, exploração e destruição de ecossistemas naturais. Neste concerto o duo conta com a participação especial de John O’ Gallagher no saxofone e João Pereira na bateria.
É na mais emblemática sala de espetáculos da cidade, o Teatro Viriato, que Nils Berg Cinemascope, banda de jazz sueca conhecida pelos seus 3 músicos e 1 projetor, apresentam o álbum ‘Basilicata Dreaming’. Este trabalho resulta de uma viagem de 10 dias a Basilicata pelo músico Nils Berg e o realizador Donovan von Martens que criaram as bases de uma obra de arte cinematográfica e musical. No concerto, os músicos tocam ao vivo e interagem com senhoras que cantam enquanto lavam a roupa na fonte de uma praça, cowboys que tocam gaita de foles, músicos de rua, entre outros. Uma viagem comovente numa parte muito especial e desconhecida da Europa.
O festival fecha com a prata da casa: Joaquim Rodrigues apresenta ‘Plexus’, acompanhado de um elenco de luxo numa formação singular: Marcos Cavaleiro e Mário Costa nas baterias, Pedro Santos no baixo elétrico, Miguel Ângelo Silva no contrabaixo, Luís Ribeiro na guitarra e Xose Miguélez no saxofone tenor. ‘Plexus’ é a expressão (ou interpretação) musical de um tempo e espaço geograficamente delimitado, marcadamente bucólico e cheio de inúmeras complexidades alicerçadas em problemas realmente simples.

A par da programação de concertos, a RÁDIO ROSSIO emite, a partir da sua caravana, estúdio móvel que usa a frequência da rádio Jornal do Centro com programas especialmente concebidos para o festival. Este ano, as manhãs do fim de semana estão sob o comando da dupla Catarina Machado e Rui ‘Tigrão’ Gomes, dois pesos pesados da Rádio desde os anos 90, que no Que Jazz É Este? convocam músicos da região para partilharem memórias e histórias do período mais fértil de sempre da história do rock em Viseu. À tarde realizam-se programas de alunos para alunos, ou seja, de grupos de projetos Rádio Escola para público escolar em contexto de campos de férias que são especificamente convocados para fazer parte. Nas tardes de rádio cabem ainda concertos de combos de escolas profissionais da região e programas de Ricardo Ramos, Raquel Castro e Rui Miguel Abreu.
O festival Que Jazz É Este? continua a ser um espaço de criação de dinâmicas e oportunidades de experimentação, formação e profissionalização na área da música e neste âmbito realiza-se o 16.º WORKSHOP DE JAZZ DE VISEU orientado por Marcos Cavaleiro e João Grilo em dias de trabalho intenso partilhado depois em palco no Carmo’81.

Ao final das noites há ainda palco aberto: músicos e estudantes de música estão convocados para fazerem parte do encontro – JAM SESSION – onde em tom informal se experimenta a característica que melhor define a música jazz: improvisação! Este ano, as jam são abertas pelos combos dos conservatórios de Coimbra e do Porto e ainda pelos Ilda, projeto de jovens músicos portugueses que atualmente estudam em Amesterdão.

A 12.ª edição do festival Que Jazz É Este? é financiada pela Direção Geral das Artes e pelo programa Eixo Cultura do Município de Viseu e conta com vários importantes parceiros e mecenas locais e nacionais que têm contribuído para a afirmação do festival como um projeto de relevo e prestígio na região centro. De modo a incentivar a equidade no acesso ao festival, e por forma a consciencializar os públicos de que a fruição cultural deverá ser acessível, mas não forçosamente gratuita, as atividades que integram o festival são de entrada livre, mas a organização apela a um pagamento não obrigatório, através de um ‘donativo consciente’.

11.º Festival de Jazz de Viseu

11 anos, 11 edições, o festival Que Jazz É Este? já quase dispensa apresentações.
É à cidade de Viseu que o festival regressa de 20 a 23 de julho com 9 concertos para público em geral, 4 concertos em formato ambulante na rua, 3 concertos ao domicílio, 3 jam sessions, 12 horas de rádio ao vivo, 18 horas de um intenso workshop de jazz para estudantes de música e 5 horas de masterclass para músicos profissionais.
Mais do que uma panóplia de atividades ricas, ecléticas e diversificadas importa compreender que o público, as pessoas, estão no centro da identidade do festival. Consciente de que a roda já foi inventada e em tempos de resistência face ao desequilíbrio entre os financiamentos públicos disponíveis e as necessidades reais de um país com sede de cultura, a Gira Sol Azul (associação que organiza o Que Jazz É Este?), posiciona-se num lugar de escuta para alimentar espaços já desenhados anteriormente mas que mantêm a urgência de se desenvolverem e aprofundarem laços indo ao encontro dos interesses, necessidades e direitos das pessoas, ocupando preferencialmente espaços públicos.
Os CONCERTOS estão desenhados em 3 blocos de programação dirigidos a públicos diversos, contamináveis entre si e distribuídos por 3 horários: 17h, 19h e 21h30. A par de integrar o trabalho que é desenvolvido localmente e que pretende deixar marcas, a programação do festival coloca a região no mapa incluindo concertos únicos e integrando artistas emergentes e artistas nacionais e internacionais de relevo.
É nos claustros do Museu Nacional Grão Vasco que Sergio de Lope, considerado pela crítica como “o grande renovador do flamenco atual”, apresenta o seu mais recente projeto “Ser de Luz”, um cruzamento entre o clássico e o neo-flamenco, no qual os códigos do jazz se misturam livremente com outras músicas do mundo. No Parque Aquilino Ribeiro, bem no coração da cidade, passam Ms Maurice, Nelembe Ensemble e Selma Uamusse. Liderado por Sheila Maurice-Grey, o grupo Ms Maurice traz a Viseu uma mistura de influências de grooves orgânicos infundidos com jazz dos anos 70 e um toque de tempero sónico da África Ocidental. Estes sons são fortemente influenciados pela educação londrina da trompetista que também é estimulada pela sua prática de arte visual, onde pretende questionar a sua “identidade”, bem como o que significa “to misrepresent vs to be misrepresented”. Já Nelembe Ensemble, criação do músico e multi-instrumentista Jorge Queijo, apresenta um conceito musical que ultrapassa fronteiras e estilos, abraçando afrobeat e highlife, sem esquecer a soul, funk e o jazz em constante confronto. Selma Uamusse através do seu poderoso instrumento vocal e genialidade performativa, explora as raízes do seu país de origem usando ritmos moçambicanos e letras em línguas nativas e apresenta uma tela vibrante de canções neste concerto único acompanhada pelo Colectivo Gira Sol Azul. Um concerto com elementos vitais unificadores em forma de manifesto pela harmonia ao que nos rodeia, um olhar positivo sobre o mundo, uma forma de luta e de esperança por uma sociedade mais livre e com mais amor.
No âmbito da parceria com o Carmo’81, apresentam-se Themandus, vencedores do Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro que no Que Jazz É Este? irão percorrer estéticas como drum‘n’bass, ambient, boom bap, a fim de saciar as suas necessidades musicais e, paralela ou paradoxalmente, as esfaimar.
A Casa do Miradouro acolhe os WIZ que nos brindam com música que vagueia entre a liberdade da improvisação e o rigor da composição num caleidoscópio sonoro que nos transporta para as mais infinitas e oníricas paisagens. Nguyên Lê e Gary Husband apresentam-se na mais emblemática sala de espetáculos da cidade, o Teatro Viriato. Movidos por uma interação natural e um sentimento magnético de união, este duo é descrito pelos críticos como a personificação da fusão, que ao combinar elementos de jazz e rock oferece possibilidades musicais infinitas, resultando na criação de algo verdadeiramente único.
A Pousada de Viseu, situada no edifício histórico do antigo hospital da cidade, recebe o trio Carreiro/Gapp/Sousa que explora as possibilidades que surgem da sua formação pouco usual – dois instrumentos harmónicos e bateria – numa viagem onde o silêncio se sobrepõe a qualquer outra premissa.
As rubricas JAZZ NA RUA e JAZZ AO DOMICÍLIO que têm como principal objetivo fazer a música atravessar-se no caminho das pessoas, vêem renovadas as parcerias com escolas profissionais de música da região, contando com apresentações de combos de jovens músicos que vêm contagiar a cidade com a energia do jazz todos os dias do festival nas ruas, prisões e lares alargando desta forma o acesso de todos à cultura.
A RÁDIO ROSSIO emite a partir da sua caravana, estúdio móvel que usa frequências de rádios locais com programas especialmente concebidos para o festival. Este ano, as manhãs estão sob o comando de grupos de Rádio-Escolas da região – programas de alunos para alunos onde o público escolar em contexto de campos de férias são especificamente convocados para fazer parte. As tardes estão nas mãos de Isilda Sanches que apresenta “Muitos Mundos” (programa aberto à descoberta e multiplicidade, que se move entre vários géneros e coordenadas espaço-tempo), Cristóvão Cunha com “A cassete dos Ramones p’ra gente curtir”, Brunex e Liliana Bernardo com “Nem Ele Nem Ela” e ainda o indispensável Ricardo Ramos com destaques do que melhor se fez por Viseu em termos de música original dentro do rock, pop alternativo, punk e metal em “Gumbo Beirão”.
O festival Que Jazz É Este? continua a ser um espaço de criação de dinâmicas e oportunidades de formação e profissionalização na área da música e neste âmbito realiza-se o 15º WORKSHOP DE JAZZ DE VISEU orientado por Xose Miguélez [ES] e Luísa Vieira [PT] em dias de trabalho intenso partilhado depois em palco no Carmo’81. Também Nguyên Lê e Gary Husband orientam uma MASTERCLASS especificamente dirigida a músicos profissionais.
No final das noites há ainda palco aberto: músicos e estudantes de música estão convocados para fazerem parte do encontro – JAM SESSION – onde em tom informal se experimenta a característica que melhor define a música jazz: improvisação!
A 11ª edição do festival Que Jazz É Este? é financiada pelo programa Eixo Cultura do Município de Viseu e conta com vários importantes parceiros e mecenas locais e nacionais que têm contribuído para a afirmação do festival como um projeto de relevo e prestígio na região centro. De modo a incentivar a equidade no acesso ao festival, e por forma a consciencializar os públicos de que a fruição cultural deverá ser acessível, mas não forçosamente gratuita, as atividades que integram o festival são de entrada livre, mas a organização apela a um pagamento não obrigatório, através de um «donativo consciente».
À distinção de ‘melhor cidade para viver’ e ao título de cidade-jardim, juntam-se características ímpares ao nível da gastronomia, património, roteiros, percursos pedestres e, claro, excelente música para ver, ouvir e fazer parte: motivos não faltam para mergulhar em mais uma edição do festival Que Jazz É Este? de 20 a 23 de julho em Viseu.

10.º Festival de Jazz de Viseu

10 anos, 10 edições! A génese do festival Que Jazz É Este? é reflexo da génese da associação que o promove, a Gira Sol Azul. Fruto do encontro de jovens naturais ou residentes fora dos grandes centros de formação e produção cultural mas com a vontade comum de fazer, criar, experimentar e partilhar mantendo-se em constante aprendizagem e aperfeiçoamento. O festival é eclético, diversificado e acessível e ocupa preferencialmente espaços públicos. Entre 20 e 24 de julho o festival acontece em Viseu e integra 11 concertos para público em geral, 5 concertos em formato ambulante na rua, 5 concertos ao domicílio, 3 jam sessions, 1 exposição, 3 conversas, 20 horas de rádio ao vivo e 5 sessões cinema musicado ao vivo.
Os CONCERTOS estão desenhados em 3 blocos de programação dirigidos a públicos diversos mas contamináveis entre si e distribuídos por 3 horários: 17h, 19h e 21h30. A par de integrar o trabalho que é desenvolvido localmente e que pretende deixar marcas, a programação do festival pretende colocar a região no mapa incluindo concertos únicos; dá continuidade ao trabalho de proximidade com músicos em formação, integra bandas de artistas emergentes e contribui para a circulação de projetos nacionais e internacionais de relevo.
É nos incríveis claustros do Museu Nacional Grão Vasco que Pedro Moreira Sax Ensemble apresenta Two Maybe More, peça escrita para o espetáculo de Sofia Dias, Vítor Roriz e Marco Martins adaptada entretanto para ensemble de 8 saxofones, ao qual se junta contrabaixo e bateria, para melhor explorar as possibilidades de abertura à improvisação.
No Parque Aquilino Ribeiro, bem no coração da cidade, passam José James, artista Blue Note frequentemente referenciado como uma das mais celebradas vozes da sua geração que combina jazz, soul, drum’n’bass, e spoken word na sua marca própria de vocalista jazz; Spinifex, baseados em Amsterdão, combinam free jazz, punk-rock polirrítmico e estruturas rigorosamente compostas com poesia tâmil e islandesa antiga e contemporânea e aventuram-se agora em Spinifex Sings nos territórios da música, da letra e do grito primordial; Karyna Gomes, cantora e compositora de Bissau, onde cresceu a ouvir música tradicional, urbana e ritmos de todo o mundo cuja musicalidade está enraizada nos convívios de quintal típicos das sociedades mestiças dos trópicos e do hemisfério sul e que é influenciada pela sua vivência em três continentes (África, América Latina e Europa); e ainda o tradicional concerto do Colectivo Gira Sol Azul composto por músicos baseados na região de Viseu e que este ano convidam o aclamado pianista de jazz britânico Jason Rebello e a excecional e versátil cantora e multi-instrumentista Sumudu baseada em Londres.
No âmbito da parceria com o Carmo81, o Combo Jazz da Gira Sol Azul (composto pelos mais jovens músicos da Gira Sol Azul) apresenta-se num concerto especial com os viseenses Smoke Hills cujo caminho parte do Hip Hop mas faz-se também da procura de criar um estilo não convencional.
A Casa do Miradouro, que é também palco Inatel, acolhe projetos dos mais talentosos jovens músicos do panorama musical atual: Peixe Boi e Garfo, que têm sido aclamados pela crítica nacional. Ambos se caracterizam por integrarem amigos que têm abordagens musicais comuns e que alternam entre as componentes escrita e improvisada.
Manuel Linhares (Porta Jazz) apresenta-se na mais emblemática sala de espetáculos da cidade, o Teatro Viriato. O seu mais recente álbum ‘Suspenso’ reforça os seus argumentos dentro do panorama do jazz português, onde para além de se salientar como uma das poucas vozes masculinas da atualidade, apresenta também um trabalho inteiramente composto por repertório original e de enorme criatividade.
A Pousada de Viseu, situada no edifício histórico do antigo hospital da cidade, acolhe Miguel Valente Quarteto, projeto fundado em Amesterdão. Vencedor da 1ª. edição do Concurso Internacional de Jazz da Universidade de Aveiro, promete ser uma força ascendente no panorama do jazz português.
As rubricas JAZZ NA RUA e JAZZ AO DOMICÍLIO que têm como principal objetivo fazer a música atravessar-se no caminho das pessoas, vêem renovadas as parcerias com escolas profissionais de música da região, contando com apresentações de combos de jovens músicos que vêm contagiar a cidade com a energia do jazz todos os dias do festival nas ruas, hospitais, prisões e lares alargando desta forma o acesso de todos à cultura.
A RÁDIO ROSSIO emite a partir da sua caravana, estúdio móvel que usa frequências de rádios locais com programas especialmente concebidos para o festival. Este ano, as manhãs estão sob o comando de radialistas de rádios locais, e as tardes com Rui Miguel Abreu (Rimas e Batidas) e Ricardo Ramos (Viseu Demo Tapes).
O trio João Guimarães, Bruno Pinto e Olívia Pinto, músicos de diferentes gerações, encontram-se para a apresentação de um FILME MUSICADO AO VIVO com repertório original que reflete as diferentes e contrastantes influências individuais.
Além da oferta eclética e de qualidade de concertos, o festival continua a ser um espaço de criação de dinâmicas e oportunidades de formação e profissionalização na área da música e neste âmbito realiza-se o 14º WORKSHOP DE JAZZ DE VISEU orientado por Jason Rebello [UK] e Xose Miguélez [ES] em dias de trabalho intenso partilhado depois em palco no jardim do Hotel Grão Vasco.
Instalada no Carmo81, a EXPOSIÇÃO QUE JAZZ É ESTE? PRÉ-HISTÓRIA E 10 ANOS DE HISTÓRIA relembra projetos das últimas décadas relacionados com o aparecimento do festival: da Orquestra Cine Jazz, ao grupo rock Os Tubarões, Quinteto de Jazz de Viseu, à 1ª. Edição do Workshop de Jazz de Viseu, chega-se à história do festival que começa em 2013. À boleia da exposição e com moderação de Catarina Machado (radialista), realizam-se CONVERSAS em torno dos atores da pré-história do festival e dinâmica musical de Viseu desde os anos 40. Também aqui se reflete sobre a produção cultural e musical fora dos grandes centros e ainda sobre o que é ou não jazz, e como se define e posiciona o jazz ao longo dos tempos.
Promovido pela Gira Sol Azul, o festival Que Jazz É Este? é financiado pelo programa Eixo Cultura do Município de Viseu e pela Direção Geral das Artes e conta com vários importantes parceiros e mecenas locais e nacionais que têm contribuído para a afirmação do festival como um projeto de relevo e prestígio na região centro.
À distinção de ‘melhor cidade para viver’ e ao título de cidade-jardim, juntam-se características ímpares ao nível da gastronomia, património, roteiros, percursos pedestres e, claro, excelente música para ver, ouvir e fazer parte: motivos não faltam para vir ao festival Que Jazz É Este? de 20 a 24 de julho em Viseu.

9.º Festival de Jazz de Viseu

9.ª edição do Que Jazz É Este? realizou-se em Viseu com cinco dias de concertos esgotados. Num ano difícil para o setor cultural, o evento promovido pela Gira Sol Azul tomou diversas medidas de segurança para que pudesse acontecer. Ana Bento, diretora artística, salienta: “Temos consciência da enorme responsabilidade que carregamos ao promover e propor episódios de encontros de pessoas no contexto atual, mas à medida que a pandemia se tem desenvolvido e depois da realização da edição de 2020 com tanta cautela quanto sucesso, cada vez mais sentimos que embora seja desgastante e até angustiante, devemos continuar o esforço de fazer as coisas acontecer”. Este esforço levou à alteração da programação proposta, os concertos programados para o Parque Aquilino Ribeiro aconteceram no jardim da Casa do Miradouro e atividades abertas ao público foram canceladas, como o Jazz na Rua, ou repensadas, como a Rádio Rossio que este ano instalou-se, maioritariamente, no estúdio da Rádio Jornal do Centro e emitiu os seus programas a partir de lá.
Em Viseu estiveram 12 bandas, com algumas presenças internacionais. Femi Temowo, Edu Miranda Trio feat. Luanda Cozetti, Elisa Rodrigues, Orquestra de Jazz de Espinho & Mário Costa, Carlos Peninha Quarteto, Carapaus Afrobeat e outros marcaram a programação deste ano. Todos os concertos tiveram a sua lotação esgotada, embora reduzida, o que demonstra a importância da cultura para a cidade e para o próprio público. “Se antes tínhamos vários outros contextos de encontro, de partilha, de proporcionar bem estar e tudo isso contribuir para uma vida saudável e equilibrada, hoje é mais que óbvio que vivemos um contexto dificílimo de tentativa de sobrevivência a vários níveis, não só apenas o físico, mas o mental e emocional. A cultura é vital, sempre foi, será sempre e é importante esta tomada de consciência de que se por um lado percebemos a fragilidade do contexto atual por outro sabemos que é real a possibilidade da cultura estar presente e disponível em segurança para todos. Tem é que haver vontade não só de quem a faz e promove, mas também de quem a financia e de quem viabiliza e permite que aconteça dentro do quadro legal.”
Nem todos os concertos aconteceram em palcos. O “Jazz ao Domicílio” levou música a várias instituições da cidade. O Combo de Jazz da Escola Profissional da Serra da Estrela visitou os jardins da Unidade de Psiquiatria do Hospital São Teotónio, da Residência Lar Viso Norte e do Estabelecimento Dr. Victor Fontes – APPACDM Viseu para um concerto à porta fechada, dedicado aos seus utentes. O Combo Jazz Gira Sol Azul seguiu a mesma receita e foi até ao Centro de Apoio a Deficientes de St. Estevão onde encontrou uma receção calorosa. Foram momentos especiais para músicos e ouvintes, evidenciando-se a alegria que a música é capaz de trazer.
A diretora artística reforçou ainda a importância dos parceiros, nomeadamente do Município de Viseu, financiador maioritário do projeto através do programa Viseu Cultura – Linha Programar, mas também de todos os outros que viabilizam de diferentes maneiras esta iniciativa. Graças a eles foi possível concluir com sucesso esta nona edição e apoiar todos os envolvidos. “Para os trabalhadores do setor da cultura trata-se de uma questão de sobrevivência básica. Os constantes cancelamentos e reagendamentos de trabalhos colocam em risco muitas famílias”, sublinhou Ana Bento.
Com o sucesso desta edição e a receção esmagadoramente positiva, a expetativa de regressar em 2022 é grande e, espera a organização, que seja para dançar sem lugares marcados.
Quanto aos concertos, destaque para os fins de tarde, no bloco das 19h no jardim da Casa do Miradouro. Com concertos de ampla variedade estilística. No horário das 21h30, acolhemos grupos estruturantes do jazz nacional como Carlos Bica + André Santos + João Mortágua, Troll’s Toy, Mário Laginha Trio e outros.
Acontecem ainda três importantes formações na área da música e da profissionalização musical: Oficina de música dixieland, o 12.º Workshop de Jazz de Viseu e uma residência artística com o coletivo de músicos da Gira Sol Azul.

8.º Festival de Jazz de Viseu

O festival Que Jazz é Este? entra este ano na sua oitava edição, desta vez em cinco dias não consecutivos, sempre à quarta-feira. Em resposta aos tempos de pandemia que atravessamos, o festival vê assim redesenhada a sua programação para a eficácia do cumprimento das normas de segurança, mas mantendo a matriz e principais pilares do festival.
Os concertos de palco, a formação musical profissional, assim como a sensibilização de novos públicos constituem os ingredientes que garantem a ligação à comunidade em tempo de vidas e rotinas suspensas em que é necessário insistir na continuidade e em mantermo-nos ativos e criativos.
Cada um dos cinco dias do festival terá uma programação estruturada de forma similar. O dia começa com a Rádio Rossio, que emite este ano na sua confortável e aromática plateia sob as tílias do Rossio de Viseu. São seis horas diárias em blocos de três programas por dia.
Para públicos menos próximos aos palcos tradicionais, haverá Jazz na Rua a percorrer a cidade de Viseu. A ideia Jazz ao Domicílio já vem de edições anteriores e tem algo de saudavelmente subversivo: em vez de levar as pessoas aos concertos, levam-se os concertos às pessoas.
Durante as manhãs há ainda tempo para famílias – e não só – usufruirem de oficinas na área da música com desafios como percussão dixieland, produção áudio, circle singing e outros.
Quanto aos concertos, destaque para os fins de tarde, no bloco das 19h no jardim da Casa do Miradouro. Com concertos de ampla variedade estilística. No horário das 21h30, acolhemos grupos estruturantes do jazz nacional como Carlos Bica + André Santos + João Mortágua, Troll’s Toy, Mário Laginha Trio e outros.
Acontecem ainda três importantes formações na área da música e da profissionalização musical: Oficina de música dixieland, o 12.º Workshop de Jazz de Viseu e uma residência artística com o coletivo de músicos da Gira Sol Azul.

Bruno Pinto

7.º Festival de Jazz de Viseu

A 7.ª edição do Que Jazz é Este? celebra-se de 24 a 28 de julho no Parque Aquilino Ribeiro em Viseu. No cartaz inserem-se alguns dos mais destacados músicos do panorama musical contemporâneo: o multicultural baixista/guitarrista Munir Hoss, o saxofonista e MC Soweto Kinch, o concerto único do Coletivo Gira Sol Azul feat. Roger Biwandu e R!X, a estreia do novo álbum do saxofonista galego Xose Miguélez com Jean-Michel Pilc, o noise-jazz-rock dos holandeses Cactus Truck, os Centauri pela mão do inconfundível guitarrista André Fernandes, a energia dos Triciclo Vivo feat. Rodolfo Embaló, o pote musical étnico dos Terra Livre e elegância dos Osso Vaidoso e dos Homem ao Mar. Não será coincidência a riqueza do guião deste ano, considerada a autoridade concreta e mística que o número sete possui no universo e respectivos desígnios cósmicos.
Abrindo cada vez mais os horizontes à diversidade estilística e musical – dentro e fora do jazz, o festival centra a acção dos seus cinco dias nos palcos do Parque, mas desenvolve outras iniciativas noutros lugares mais ou menos íntimos de Viseu, contaminando as gentes um pouco por toda a cidade com Jazz Na Rua, Jazz Nas Varandas e Doutor Jazz.
A Rádio Rossio estará este ano em força máxima, com uma grande variedade de programas de autor da mais diversa índole, em horários intercalados com a programação diária, com 19 radialistas oriundos de Viseu.
Destaque também para a aposta na música de jovens da região de Viseu, como por exemplo no Jazz na Rua com os colectivos Suspendis e Osso Ruído e no projecto Oh yes pigs, can fly – encomendado ao guitarrista e compositor Leonardo Outeiro, em estreia.
Não pode faltar a menção ao Mercado do Festival, onde se poderão encontrar entre outros produtos, comida e bebida, para melhor se apreciar a música e a festa que se faz.

Bruno Pinto

6.º Festival de Jazz de Viseu

QUE JAZZ É ESTE? É a sexta edição do Festival de Jazz de Viseu e a décima do Workshop de Jazz. Regozijem-se os deuses e os mortais, e os outros entre tais, pois partilhamos convosco a excitação de mais uma vez celebrar este encontro de música, cultura e pessoas, mergulhados prazerosamente no privilégio de testemunhar e balançar ao som destas bandas e músicos que em palco colocam a nú a sua alma.
Assim é verdade, o groove que se vive não pode deixar ninguém indiferente. Esta é provavelmente a melhor edição deste festival até à data, com a presença de inacreditáveis músicos nacionais e exclusivos músicos internacionais.
A energia do festival está concentrada no Parque Aquilino Ribeiro, mas não só. Com uma tendência cada vez mais acentuada na diversidade que é o jazz, um género onde muito cabe, como o rock, o afro-beat, o hip-hop, a música étnica, mas também na presença de outros estilos musicais, os vários palcos existentes acolhem indiferentemente as várias nacionalidades e demais características dos grupos. É de destacar a presença do rapper e saxofonista Soweto Kinch e ainda o baixista Etienne Mbappé, um nome cuja fusão dos ritmos dos Camarões com o jazz provoca espasmos involuntários no corpo. Omar Lye-Fook, Cacique’97, Richard Spaven, The Nada e Javier Subatin feat. João Paulo Esteves da Silva compõem ainda o cartaz do festival, entre outros.
Na continuação da cumplicidade com o Musiquim contamos com a presença de S. Pedro, Gonçalo, Francisco Sales e Mano a Mano. Fica também o nosso orgulhoso destaque para o concerto do Sócrates Bôrras trio feat. Carlos Bica, emocionante que é pelo encontro entre gerações que impulsiona.

Bruno Pinto

5.º Festival de Jazz de Viseu

Pela boca morre o peixe, claro! Daí a expressão “Que jazz é este?” ser o lema oficial do Festival de Jazz de Viseu. Porque no seu caminho e no dos seus promotores habita naturalmente um desconforto que repele o habitual, o conhecido fácil. Gostamos de apreciar coisas novas e misturar paralelos insolúveis. Nesta edição de 2017, a par de nomes e grupos internacionais exclusivos, criteriosamente escolhidos, o melhor do jazz português actual espraia-se pelos seis dias de festival numa equilibrada espiral musical que guarda também espaço para outros géneros. Presente continua a componente de formação que lhe deu origem, o Workshop de Jazz, a oferecer de novo aos músicos de Viseu a oportunidade de contactar com as práticas deste estilo. A participação e colaboração de e com artistas e músicos da zona acontece aqui anualmente numa perspectiva de continuidade, que ao longo destes cinco anos tem motivado o crescimento de projectos próprios e redes de colaboração e conhecimento entre entidades e indivíduos desta área. Numa zona onde o jazz e outras alternativas musicais e culturais de fundo constituem ainda o equivalente àquela neve que cai mas não pega, é com gosto que fazemos questão de nos “atravessarmos” no caminho das pessoas, procurando, para além do público que já é curioso por si, provocar e expor novos públicos ao contacto com outras realidades e teias culturais.

Que jazz é este?!

Bruno Pinto

4.º Festival de Jazz de Viseu

É no coração do Parque Aquilino Ribeiro o cerne da quarta edição do Festival de Jazz de Viseu, como já tem sido hábito. Nos fins de tarde e noites de terça a domingo destaque para excelentes e explosivos grupos nacionais e internacionais. À tarde decorrem projetos de índole variada que se espalham pela cidade. Em paralelo estende-se o mercado e ainda um “recreio”, com oficinas e uma exposição interativa

Com a realização deste evento a sua promotora intenta contribuir para a formação de novos públicos, dinamizando de forma especial a cidade e a região circundante através da programação de concertos únicos destacando-se a vinda de artistas internacionais que normalmente atuam exclusivamente em Viseu. Outra componente essencial que daqui decorre e beneficia é a oferta de formação profissional e especializada na área da música, o cruzamento de músicos locais com convidados nacionais e estrangeiros, e ainda as encomendas e projetos originais noutras disciplinas como o design, artes plásticas, informação e entretenimento.

O primeiro concerto internacional acontece no dia 21, e está a cargo da enérgica e comunicativa cantora Manuela Panizzo, natural de Itália, que se move pelos campos da soul, tendo lançado em 2014 o seu primeiro álbum em nome próprio “Don’t fall in love with me”. Tocou ao lado de nomes como Chaka Khan, John Legend ou Joss Stone, e trabalhou com outros como Vanessa Haynes ou Boy George. Surge aqui acompanhada e a convite do Coletivo Gira Sol Azul, grupo residente do festival.

O trompetista Quentin Collins traz-nos no dia 22 os seus Electrocution diretamente das terras além canal da Mancha, e com estes promete fazer esquecer as dívidas ao fisco por meio de sonoridades que bebem das principais correntes do jazz incorrendo em composições luminosas e cheias de balanço. Collins é um músico de caráter europeu, tendo trabalhado e tocado em estilos musicais diversos, tocando ao lado de e trabalhando com músicos como Craig David, Prince, Alicia Keys, Jean Toussaint ou Roy Hargrove.

Dia 23 apresenta-se o trio Preston Glasgow Lowe, músicos virtuosos que ao vivo debitam uma performance de energia rock conduzindo o público pelo seu vertiginoso álbum de estreia homónimo. Citando e traduzindo o The Evening Standard: “Pensa em Metallica com Mingus, ou Hendrix, Pastorius e o Animal dos Marretas num encontro de compinchas”.
No plano nacional só do melhor e do mais bem confecionado gourmet, mas com prato cheio. Teremos connosco The Rite of Trio apresentando “Getting all the evil from the piston collar!”. Eles vão incendiar tudo, num ritual exorcista que irá afastar as convenções como a palavra arriscar afasta os germes culturais do amónio.

No dia seguinte a cura para a apatia surge com Miguel Amado, exímio baixista de Lisboa, cujas composições emanam elegância e gosto apurado na mestria de fundir estilos, resultando em temas complexos como o é o bom vinho, onde a dinâmica e a inteligência musical são constantes, mercê também dos músicos de topo que habitualmente o acompanham no palco.
“Páginas” é o nome do álbum de estreia do Filipe Teixeira Trio – enganadora a classificação – já que nem Filipe, nem João Mortágua ou Acácio “Salero” Cardoso são virgens no que respeita à música e ao jazz em particular. Oriundos da grande urbe da música do norte onde as francesinhas são sempre boas, vão tocar certamente temas deste álbum onde Teixeira demonstra sólidas influências como compositor e cujo rigor é trespassado pela criatividade e domínio instrumental dos seus companheiros.

Por fim, André Carvalho Group encerra com chave de ouro esta festa, alumiando a pedra na noite com as cores da sua música de arranjos cuidados e motivos subversivamente felizes.
Ainda de mencionar é o viseense Coro Azul em absoluta abertura do festival, bem como a comemoração dos trinta anos do pioneiro Quinteto de Jazz de Viseu, composto por alguns dos melhores e mais conhecidos músicos desta cidade.

As concorridas jam session serão realizadas no bar Lugar do Capitão, com abertura a cargo dos grupos Gin Sónico e Alberto Rodrigues Trio.
No Parque Aquilino Ribeiro concertos de outras sonoridades completam ainda este cartaz de 2016, com os Birds Are Indie, Golden Slumbers e o duo Gileno & Tuniko Goulart.

Que jazz é este?!

Bruno Pinto

3.º Festival de Jazz de Viseu

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“É jazz!” – diz um deles. “É rock!” – diz o amigo. Mantiveram-se calados um longo minuto… “É jazz, ouve a harmonia!”, “É rock, sente o ritmo!”. “O que é certo é que estão agora a improvisar…” – concordaram. Após discussão animada e de se interrogarem ainda se seria outra coisa qualquer, volveram apartados sem chegar a conclusão satisfatória. Uma pequenita que ali lanchava num banco de jardim com sua mãe e havia escutado a pendência atentamente comentou “Mãe, estes rapazes não sabem nada, então não percebem que isto é música?”. Esperta e perspicaz, a pequenita.

Depois de duas excelentes edições repletas de público, a edição deste ano apresenta um cardápio no sentido dos verbos e adjetivos que já o vêm definindo: divulgar a música de qualidade com o jazz como mote ideal; promover episódios de formação selecionada e perspetiva aberta; incentivar e investir em músicos e grupos da região apoiando a mostra do seu trabalho; envolver ativamente as comunidades mais e menos inusitadas; descentralização do festival criando trocas e oportunidades de trabalho com as freguesias circundantes; cimentar a dimensão internacional do Festival de Jazz de Viseu convidando além-fronteiras músicos e coletivos de topo e, acima de tudo, contribuir para a criatividade e troca de conhecimento. Como diz o músico português João Guimarães: “o óbvio enlouquece”.

Em 2015, o festival mantém o formato de concertos da anterior edição. Um Grande Palco, no Parque Aquilino Ribeiro, por onde passará o pianista Jason Rebello ao lado da notável voz de Joy Rose. O primeiro trabalhou e tocou durante vários anos ao lado de Sting e acompanha o guitarrista Jeff Beck, a segunda destaca-se também na colaboração com Sting e obra feita com os Incognito. Ainda de Inglaterra vem, a convite do Coletivo Gira Sol Azul, o trompetista londrino Freddie Gavita, músico residente do célebre Ronnie Scott’s Club, tido como um dos valores emergentes na presente cena musical britânica, trabalhando tanto em jazz como com nomes cimeiros da pop.

De França, o multi-instrumentista e incansável Christophe Cravero traz-nos o seu mais recente álbum Elegant Elephant em trio. Este pianista, que já tocou por todo o mundo ao lado de um dos grandes bateristas da história da música norte-americana, Billy Cobham, é um dotado compositor que constantemente passa de um instrumento para o outro nas suas criações, oferecendo-nos uma cascata de universos musicais.

O Palco After Hours, no Mercado 2 de Maio, mostra alguns dos melhores e mais importantes nomes da música nacional atual, quer na área do jazz, quer como colaboradores de músicos e grupos nacionais da pop, o rock ou o fado. A saber: Hitchpop (João Guimarães, Miguel Ramos, Marcos Cavaleiro) com o seu primeiro álbum na calha, Bruno Macedo Quarteto (Bruno M., Pedro Neves, Miguel Ângelo, Leandro Leonet) com o seu álbum de estreia “8 mm” e ainda Evyl (Luís Lapa, Yuri Daniel, Vicky) que nos brinda, ao vibe da música original do viseense Luís Lapa, com três dos mais experientes e prestigiados músicos do nosso país.

Destaque ainda para um concerto intimista com o duo local Azul Espiga no Museu Grão Vasco; a exposição-jogo, desenvolvida por Ana Seia, dedicada à antiga Orquestra Cine Jazz de Viseu, espalhada por nove espaços do centro histórico; música em movimento com os Chinfrim; a Rádio Rossio, com cinco locutores diferentes, emite ao vivo a partir da Praça da República; jam session noite dentro; DJ set com Os Piores DJs do Mundo; um concerto-baile com os Bruce Brothers; diversas e importantes ofertas de formação, e ainda a Viseu JukeBody, obra de arte musical e plástica de cariz itinerante realizada com comunidades locais e fruto da colaboração entre a música Ana Bento e a artista plástica portuense Dona Pata.

Bruno Pinto

2.º Festival de Jazz de Viseu

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“Que jazz é este?” – disse a avózinha cuja pequena janela dava para o largo da festa. É a banda, estão a fazer o teste de som. Hoje, o baile vai estar a abarrotar, está calor – afirmou o neto. Pois, eu conheço este jazz, já o tinha ouvido antes – arrematou ela. Pergunta: o que sabe esta avózinha sobre o jazz? Nada, provavelmente. Exceto que é música e tem qualquer coisa a ver com dançar.

Este Festival é feito essencialmente de amores. Como o amor ao próximo, e a vontade de lhe mostrar quem somos, amor à terra onde trabalhamos e vivemos, e à música que nos eleva a alma e nos cataliza a eletricidade dos corpos. Dedicado às pessoas de cá e às que visitam a nossa casa.

O Festival de Jazz de Viseu ganha solidez com esta segunda edição, mantendo a variedade e o contraste presentes na anterior, mas criando e adicionando novas alíneas.

Entre uma dixie band na rua, um Jazz no Comboio, um concerto ao fim do dia e projetos mais alternativos em after-hours, há tempo de sublevar o corpo e alma aproveitando para degustar a culinária e a pastelaria local, visitar a cidade, apreciar o comércio tradicional ou beber um copo num dos inúmeros e concorridos bares da cidade.

Oficinas de música para famílias com os vários sabores do jazz e formação para músicos e bandas filarmónicas, ligam o festival a um todo que sai do estereótipo do palco centralizado e se espalha pela cidade a públicos de idades e interesses diferentes. Músicos nacionais e internacionais compõem a agenda quer de concertos quer ao nível da componente de formação.

Nesta edição, o Festival do Jazz de Viseu apresenta ao público 31 actividades, com a participação de 11 bandas e mais de uma centena de artistas. A organização da Gira Sol Azul tem o apoio do Município de Viseu.

Viseu Senhora do Jazz.

Bruno Pinto

1.º Festival de Jazz de Viseu

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O primeiro, não o pioneiro.
Mas seguro…

Este Festival de Jazz de Viseu é o primeiro de nome; mas nem por isso é acontecimento inovador na cidade. De facto, produzido com a mesma assinatura, vai já na sua quinta edição o Workshop de Jazz – este ano realizado em simultâneo com o festival – que mobiliza músicos significativos e muitos jovens (e menos jovens…) viseenses. E, num passado muito próximo, os “fins-de-semana de jazz” integravam o programa Viseu Naturalmente, realizado pela respectiva Câmara Municipal.
Também aqui deram os primeiros passos hoje reconhecidos instrumentistas e, para além de episódicos (mas frequentes) concertos na cidade e na região, uma recente (mas já longa) co-produção Gira Sol Azul /Lugar do Capitão – as semanais Quintas ao Jazz – conquistou uma notável qualidade e quantidade de público entusiasta, regular, atento e crítico.
É, assim, que temos a certeza de realizar um acontecimento que tem âncora numa prática já consolidada e alargar o campo de ouvintes e espectadores de um género musical para (ou)ver, contribuindo para uma cidade que deve ser isso mesmo: um lugar de cidadania e liberdade, onde se pode escolher e optar entre tudo o que nos é mostrado. E, embora cometendo o que sabemos ser uma incoerência clínica, podemos dizer que se trata do parto de um adulto ou, no mínimo, de um adolescente robusto.
Uma só contrariedade: a ocorrência simultânea do Tom de Festa, aqui tão perto, em Tondela, produzido pela ACERT, nossa parceira de tantas realizações e cúmplice na marcha de uma luta cultural comum. Razões de calendário e logística impuseram esta indesejada coincidência; mas, mesmo assim, podemos construir um olhar positivo: o de que a oferta (logo, a opção) de manifestações culturais está a crescer. E, além de positivo, atlético: é que sempre se pode assistir a um espectáculo às 21h30 no Parque Aquilino Ribeiro e, na mesma noite, correr (não muito…) para se chegar a tempo de um concerto no Tom de Festa.
Afinal, esperando que este seja o primeiro de uma longa série, terminamos a apresentação do Festival com um breve
ATÉ JAZZ!

João Luís Oliva